PÉROLAS

PÉROLAS

pérola é um material orgânico duro, geralmente encontrada em formato esférico e produzida por moluscos, ostras e mexilhões por meio da reação a corpos estranhos que adentram seus organismos como vermes ou grãos de areia. Também designada como margarita, é valorizada como gema e trabalhada em joalheria. É envolvida naturalmente em nácar e bicarbonato de cálcio gerado pela ostra, mas pode ser obtida artificialmente por meio de cultivo. Para criá-la de modo artificial, insere-se no interior da ostra perlífera, entre o manto e a concha, um objeto minúsculo que causa uma inflamação. Logo, o objeto é envolvido em sucessivas camadas de madrepérola, composta de 90% de um material calcário, a aragonita (CaCO3), 6% de material orgânico (conqueolina, o principal componente da parte externa da concha) e 4% de água, formando assim, a pérola. A duração estimada dessa gema é de 150 anos, porém, já foi encontrada uma pérola natural com cerca de 2 mil anos durante escavações arqueológicas em uma zona aborígene do oeste da Austrália. As de melhor qualidade são achadas no Golfo Pérsico (pérola do Oriente), existindo produção na Índia e Sri Lanka, na Austrália, no Taiti e na América Central. Também são produzidas em larga escala no Japão.

Ao longo da história da humanidade, a pérola sempre foi muito estimada, tendo em vista o apogeu do Império Romano, quando Júlio César, muito conhecido pelas suas conquistas amorosas, ofereceu uma pérola no valor seis milhões de sestércios a Servília Cepião. Outro acontecimento foi com o general romano Vitélio que roubou um brinco de pérola de sua mãe para poder pagar suas dívidas e voltar para o exército.

CARACTERÍSTICAS

Grupo: Pérola

Composição: carbonato de cálciomatéria orgânica e água (84-92%, 4-13% e 3-4%)

Densidade(g/cm³): 2,60 – 2,78

Dureza (Mohs): 3 – 4

Transparência: Translúcido a opaco

Cor: creme, douradaverdeazulnegra

Origem: Índia e Sri LankaAustrália

Índice de refração: 1,52 – 1,66

HISTÓRICO

Considerada a “Rainha das Gemas”, a pérola é mais antiga pedra preciosa conhecida e já foi considerada uma das joias mais caras do mundo devido à sua raridade. Para entender seu valor: a cada milhão de ostras, apenas uma delas produz uma pérola natural. As pérolas são advindas dos materiais de gema que foram utilizadas para adorno pessoal. Data-se seu uso em escritos antigos de cerca de 2000 anos a. C.

Seu nome vem do latim “pirla”, diminutivo de pira, que significa “formato de lágrima” e, para os romanos, era um símbolo do amor.

Não se sabe ao certo na história quem as descobriu, mas durante a Idade Média, mais precisamente nos séculos XIII e XIV, essa gema era usada somente pela aristocracia, sendo proibido por lei seu uso por pessoas comuns. Após as leis discriminatórias abolidas na Revolução Francesa, as pérolas tornaram-se a ser consideradas presentes ideais de noivado e casamento por significar beleza e inocência.

“Uma mulher precisa de voltas e voltas de pérolas”, já diria a estilista Coco Chanel que popularizou e tornou seu uso atemporal.

TIPOS DE PÉROLA

Conheça os diferentes tipos de pérolas existentes. As pérolas South Sea e as Pérolas do Tahiti são consideradas topo de linha, isso devido ao seu tamanho, brilho e preço. Quanto maior o tempo de cultivo (que deve ser no mínimo de 3 anos) maior a iridiscência e o efeito arco-íris que a luz branca provoca quando incide sobre a pérola e retorna aos nossos olhos.

  • Pérolas Cultivadas: Criadas a partir da introdução cuidadosa, pelo homem, de uma pequena conta feita da concha do mexilhão ou pedaço de madrepérola. São mantidas no habitat e, após dois ou três anos, as conchas são colhidas, e as pérolas removidas. Os moluscos são criados em “fazendas de pérolas” em águas doces ou salgadas, locais específicos para produção de pérolas para joalherias. Mesmo com todo cuidado e acompanhamento do processo, não são todos os moluscos que conseguem produzir pérolas, ou não são obtidas com a qualidade devida ou total desenvolvimento.
  • Pérolas Naturais: Criadas sem a intervenção humana, formam-se naturalmente nos moluscos dos oceanos. São muito raras e apenas testes onerosos e específicos conseguem detectar a diferença entre pérolas cultivadas das naturais, que podem custar até dez vezes mais do que as formadas por indução. Diz-se que a maioria das pérolas naturais foram encontradas no Golfo Pérsico. Como estão praticamente extintas desde 1916, é muito difícil o trabalho de prospecção.
  • Pérolas Mabe: Trata-se de uma pérola blister cultivada sólida. De terminologia japonesa, esse tipo de pérola é baseada na formação de blister e é criada a partir da separação do manto da ostra e, depois, fixação de núclos com formato especial (oval, gota, coração, etc). A ostra é então devolvida ao mar para que a secrete material perlífero para envolver esses corpos estranhos.
  • Pérolas South Sea (Mares Meridionais): Conhecidas por serem perfeitamente redondas, lisas, grandes e raras, são produzidas por ostras que podem chegar ao tamanho de um prato de jantar! Oriundas da Austrália, Indonésia e Filipinas, variam entre 9 e 20 mm de diâmetro, podendo chegar até 25mm de diâmetro. As tonalidades variam entre nuances de branco, dourado, creme, prateado. As pérolas dessa origem possuem um nácar especialmente espesso, bem como um lustro acetinado único, proveniente do ambiente favorável em que são cultivadas. As pérolas dos Mares do Sul (Pacífico) são as maiores e mais raras de todas.
  • Pérolas do Tahiti: Conhecidas também como “Pérolas Negras”, são encontradas nas águas salgadas do Tahiti e Polinésia Francesa em tons de cinza (cinza médio até preto carvão), azul, verde, roxo, grafite, etc. Variam entre 8 e 16 mm de diâmetro e estão disponíveis também em diferentes formas, como a lágrima. Como são formadas por camadas perlíferas espessas, a cor, lustro e exotismo são perfeitamente conservadas. As pérolas negras ou Pérolas do Taiti podem ter um tom cinza claro ou um arco-íris de cores (típico da madrepérola).
  • Pérolas Barrocas: São chamadas dessa forma todas as pérolas sem forma geométrica definida, não atingindo o mínimo de 75% de esfericidade. Podem ser de água doce ou salgada; naturais, cultivadas ou falsas; disponíveis em diversas cores e tamanhos.
  • Pérolas de Água Doce: Também conhecidas por “Biwa” (nome de um lago japonês onde eram inicalmente cultivadas) essas pérolas possuem formatos irregulares (quadrado, arroz, redondo e ovais) e cores branca, rosa e cinza, inclusive em tons pastel. São desenvolvidas por mexilhões de águas doces de rios, lagos e lagoas predominantemente orientais, sendo a China o maior produtor. Pérolas dessa variedade são, muitas vezes, cultivadas a partir de um pequeno pedaço de lenço inserido no interior e não o nácar de madrepérola, de modo que acabam sendo mais espessas do que a Akoya, tipo de pérola a que a Biwa se assemelha em tamanho e formato.
  • Pérolas Majorca: São pérolas que jamais estiveram dentro de uma ostra, pois são criadas a partir de contas de vidro mergulhadas 28 vezes em uma mistura patenteada (e secreta) de pó de concha e saliva de ostras.
  • Pérolas Akoya: Estas são as mais tradicionais das pérolas. De água salgada, bem redondinhas e lustrosas, variam entre 2 e 10 mm. Cultivadas no Japão, também podem ser encontradas em mares da Coréia, da China e do Sri Lanka. A maioria delas é branca, mas existem em muitos tons e cores: douradas, azuladas, acinzentadas, e até rosadas. São provenientes das ostras perlíferas menores do mundo.
  • Pérolas Arroz e Freshwater: Conhecidas também como Keshi, que quer dizer “papoula”. São miúdas, podendo ser redondas ou compridinhas, parecendo um grão de arroz. Crescem dentro dos órgãos reprodutores da ostra. É mais comum na China, e é cultivada em água doce, rios e lagos. Muito usadas para montar colares de 30 ou 40 fios torcidos, que era uma super moda nos anos 80!
  • Pérolas Sintéticas, Shell e Madrepérolas: Nem só de pérolas naturais vive um porta joias! Há muitas opções sintéticas de boa procedência que possuem valor comercial muito mais baixo do que as verdadeiras e possibilitam a criação de bijuterias muito bonitas!
    As pérolas sintéticas são, geralmente, de plástico, produzidas por injeção e pintura. As conhecidas como Shell são imitações visualmente muito próximas das naturais ou cultivadas. São feitas a partir de um substrato de porcelana ou resina coberto com um composto feito a partir do pó da parte interna da concha da ostra e resultam em excelente resultado estético.
    Madrepérola (ou nácar) é a parte interna da concha do molusco.

CORES DAS PÉROLAS

As cores das pérolas não afetam sua qualidade, mas influenciam sua beleza. Enquanto a maioria é encontrada em cores claras entre branco e champagne, as negras são raras, o que acaba por restringir seu uso à alta joalheria. Como possuem grande variedade de tons, entre branca e negra, existem muitas variações intermediárias. Cor e nuances, porém, precisam ser diferenciadas. O nuance é a variação entre as cores: por exemplo, uma pérola de cor champagne pode possuir tons rosé.

A seguir, as principais cores encontradas nas pérolas:

  • Branca
  • Creme
  • Champagne
  • Dourada
  • Rosa
  • Azul
  • Verde
  • Cinza
  • Negra

As pérolas comercializadas podem ter variação de cor de acordo com o tratamento que recebem:

  • Branqueamento: é usado para branquear pérolas cultivadas e também para preparar pérolas que serão tingidas;
  • Irradiação: pérolas negras são expostas a raios gamas para receber a coloração mais escura;
  • Tratamento da superfície: feito com cera, óleo ou verniz, este tratamento é usado em pérola que possui uma fina camada de nácar para ficar com melhor lustro;
  • Polimento: o polimento da superfície melhora o brilho e a imperfeição da pérola;
  • Tintura: feito para corrigir imperfeições coloridas ou alterar a cor.

 

 

BRILHO/LUSTRO DE PÉROLAS

Trata-se do aspecto que descreve tanto a beleza da reflexão da luz na superfície da pérola quanto a luz refratada no interior da gema. O brilho comum da pérola é iridescência moderada e o lustro é o fator mais importante para avaliação do valor e beleza. O lustro é o efeito causado pela entrada da luz dentro da pérola, que transcende nas camadas de nácar e refletem de volta. As condições de desenvolvimento da pérola influenciam o lustro: quanto mais rápido o nácar é produzido, menos translúcida a pérola será.

Existem quatro categorias do lustro:

  • Ótimo – o refletimento é nítido, brilhante e afiado
  • Bom – o refletimento é brilhante, mas não é afiado e elas são levemente obscuras nas beiradas das pérolas
  • Justo – o refletimento é fraco, obscuro ou um pouco embaçado
  • Pobre – o refletimento é turvo e disperso

As pérolas com maior qualidade e mais caras, possuem a forma totalmente redonda, e o lustro e brilho com alto nível de reflexo.

 

COMO SABER SE A PÉROLA É VERDADEIRA?

Com avanços de tecnologia, as pérolas artificiais estão cada vez mais “perfeitas” e torna-se difícil identificar as reais. Para ter a certeza de que uma pérola é autêntica, consulte profissionais que possam fazer os testes de certificação em laboratório de análises. De qualquer forma, alguns testes mais simples podem ser feitos por quem não tem muito conhecimento na área:

  • Teste do Dente:
    Pérolas falsas podem ser identificadas a partir da textura da superfície. Ao esfregar levemente a pérola ao longo das bordas dos dentes frontais superiores, perceba a textura. As de verdade possuem aspecto arenoso, enquanto as artificiais são lisas e suaves.
    Você pode também morder delicadamente uma pérola e deslizar levemente os dentes para frente e trás para avaliar a textura. Se houver dificuldade na identificação, use uma conta de vidro nos dentes para fazer a comparação.
  • Teste de Fricção:
    A textura arenosa da superfície de uma pérola real costuma apresentar considerável atrito quando você fricciona duas pérolas. Você pode, então, selecionar duas pérolas do mesmo conjunto e esfregar suavamente uma conta a outra para observar o atrito. As lisas são, provavelmente artificiais, enquanto as que oferecerem certa resistência podem ser verdadeiras.
  • Teste da Lupa:
    Para esse teste, é necessário ter à mão uma lupa potente ou microscópio. Usando a ampliação 64, analise a superfície da gema: mais uma vez, as pérolas verdadeiras devem ter uma aparência arenosa e até escamosa. Já as artificiais costumam ter uma aparência granulada ou salpicada.
  • Teste de Imperfeição:
    É ideal ter uma pérola real certificada de alta qualidade para fazer comparações. A pérola verdadeira tem pequenas imperfeições, enquanto às artificiais que parecem “perfeitas”, livres de falhas, são, provavelmente, imitações.

 

 

MÍSTICOS ACREDITAM QUE….

  • Por ser nascida das águas, a pérola represente o princípio Yin, ou seja, o símbolo essencial da feminilidade criativa;
  • Trate melancolia, epilepsia e demência (crença européia);
  • Que suas propriedades sejam afrodisíacas, fecundantes e de talismã predominantes sobre as outras. Ao ser depositada em um túmulo, ela regeneraria o morto em um ritmo cósmico (crença oriental);
  • O pó das pérolas tenha propriedades revigorantes e afrodisíacas, sendo utilizada na terapia hindu moderna;
  • Seja um emblema do amor e do casamentos (tradição grega);
  • A pérola cure doenças dos olhos (medicinas chinesa e árabe);
  • Simbolize a sublimação dos instintos, a espiritualização da matéria, a transfiguração dos elementos e a evolução. Assemelharia-se ao homem esférico de Platão, sendo a imagem de perfeição ideal das origens;
  • Represente o paraíso fechado em companhia de sua huri  (moça de grande beleza que, segundo o Alcorão, desposararia o crente muçulmano); 
  • Represente a perfeição angélica, adquirida por transmutação;
  • Signifique ciência ou riqueza e conserve características particulares, sendo interpretada como criança, mulher ou concubina (simbologia oriental onírica);

 

Fascinantes e encantadoras! 😍

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